Depois de uma longa caçada ao documentário "O Homem que Engarrafava Nuvens", dirigido por Lírio Ferreira e produzido por Denise Dumont, finalmente consegui encontrá-lo, e valeu a pena. O documentário surpreende pelas imagens e se torna interessante não só para quem se interessa ou tem alguma relação com a história de Humberto Teixeira - compositor da clássica "Asa Branca" - mas também para quem quer um apanhado de história da música brasileira.
Com uma pesquisa primorosa, que conta com imagens antigas, relatos do próprio Humberto Teixeira ao lado de Luiz Gonzaga e mais um papo com inúmeros nomes da música brasileira, inclusive o querido Belchior e, representando os gringos, David Byrne, o longa se desenvolve bem e mostra uma imagem respeitosa e bela do Ceará, do nordeste, da Capital, do interior. Engraçado é se reconhecer na tela, se identificar com aqueles personagens, ver cidades onde você morou (Iguatu, Juazeiro, Fortaleza) retratadas com profissionalismo e por pessoas como Denise Dumont, filha de Humberto, atriz que teve maior exposição na mídia na década de oitenta e pôde conviver com um mundo intrigante, com artistas que fazem parte da história de muita gente. Ela mesmo certamente fez parte da história de muita gente, encarnando papéis, sendo símbolo sexual e protagonista de uma polêmica que se estende até hoje, houve ou não penetração em uma das cenas de sexo do filme "Rio Babilônia"? Porém, isso não importa.
O que surpreende mesmo é o engajamento de Denise, o desejo de resgatar a imagem do pai, tido muitas vezes como homem invisível, sombra do Rei do Baião, sendo ele Doutor do Baião. Em uma matéria na época do lançamento do filme, Denise afirmou que teve de vender um apartamento para concluir o projeto.
Nós descobrimos Humberto Teixeira junto com Denise. Ela reconhece não saber quem foi o pai, não viver com ele uma relação íntima e aberta. O homem de letras, advogado, poeta, que soube transcrever genialmente para a música o sertão com todas suas peculiaridades, era rígido, não admitia ter uma filha atriz, era de muitas mulheres, muitas paixões.
Nós descobrimos Humberto Teixeira junto com Denise. Ela reconhece não saber quem foi o pai, não viver com ele uma relação íntima e aberta. O homem de letras, advogado, poeta, que soube transcrever genialmente para a música o sertão com todas suas peculiaridades, era rígido, não admitia ter uma filha atriz, era de muitas mulheres, muitas paixões.
Termino este texto recomendando fortemente "O Homem que Engarrafava Nuvens". Descubram Humberto Teixeira, descubram o Ceará, o Nordeste, porque é impossível não amar essa cultura. É impossível não ter orgulho dos ilustres e anônimos guerreiros (esses sim!), nordestinos.