domingo, 9 de janeiro de 2011

MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA OU DO TELEJORNAL?

A base do telejornalismo é informar o telespectador. Você, na sua poltrona, depois de uma estressante jornada de trabalho, acompanha as “principais” informações do dia. Inteirar-se, conectar-se com as coisas, poder debater e reforçar seus argumentos em uma discussão, são alguns dos motivos que justificam acompanhar diariamente um jornal.



Política, economia, ecologia, cidadania, dicas de como transformar o pão amanhecido em um prato francês chique e requintado, de como fazer um penteado radical na sua irmã usando um maçarico... tudo isso pode ser parte de um telejornal. Mas só a gostosa que apresenta as notícias sobre mudanças climáticas às vezes não é o suficiente para se garantir uma boa audiência. Bom, bundas também não caberiam muito como forma de chamar a atenção, mais por não combinarem com a bancada dos apresentadores do que por não caberem na tela. O que resta e o que todo mundo adora? Gente morta! Cadáver de traficante, bebê sufocado no carro, taxista assassinado. É uma diversidade e uma fonte de alimento impressionante para os urubus da comunicação social, afinal, violência é uma coisa tão arraigada no ser humano que ninguém passa sem ela. As crianças adoram destruir seus brinquedos, os pitboys adoram quebrar sem ver a quem, o tiozinho súdito do Datena sente prazer em dizer que bandido bom é bandido morto, aquele que tremula a bandeira da paz parece que só faz isso porque tem sangue de sobremesa. O ser humano é autodestrutivo e tem uma curiosidade mórbida insana. Aí vem, aquela famosa conversinha fiada “assisto pra me manter bem informado”, mas racionalmente não faz sentido. Os jornais, os telejornais, parecem não fazer muito sentido. Vejamos, a probabilidade de que jornais de emissoras diferentes veiculem ao mesmo tempo a mesma notícia é bem difícil. Geralmente há um delay. Isso faz com que as pessoas muitas vezes acabem assistindo praticamente a mesma matéria, com imagens semelhantes de cadáveres, sangue, chacina, enfim, violência.



Hoje em dia a informação pipoca onde quer que estejamos. Difícil mesmo é ilhar-se com tamanha exposição audiovisual. Telejornais abusam tanto dos mesmos assuntos, que a sensação percebida, pelo menos para quem tem um pingo de memória recente, é de um eterno déjà vu. Emissoras, deem folga a seus empregados e reprisem o jornal de anteontem, ninguém irá perceber.



Qual a relevância em saber que no Rio de Janeiro mataram trinta depois de um churrasquinho na laje? Que, devido à seca no nordeste, o gado anda pedindo dica ao camelo de como estocar água? Ou que em Brasília os políticos adotaram a moda da cueca com compartimento especial para dólar que não pinica? Não quero dizer que os problemas e sofrimentos humanos não têm importância, mas sim que, só quem desconhece isso são aqueles que acabaram de nascer.

Então, minha dica é, não deixe que a notícia se esparrame em sua sala, se impregne pelas paredes e pelo seu cérebro. Acabe com a passividade, vá você atrás da notícia, saiba filtrá-la e substitua o inútil pelo o que de bom o homem já fez e está por aí, aguardando ser descoberto.

Ou será que você nunca percebeu que, aqueles cachorros com a unha pintada, aquelas dicas de como cuidar do cabelo ou economizar detergente só são mostradas numa tentativa de amenizar as imagens dos trezentos corpos crivados a bala e da turma de jovens de quinze anos que capotou o carro e teve morte imediata, mostradas anteriormente?

Campanha "não veja jornal, veja filme de terror". Taí uns clássicos sugeridos:








domingo, 2 de janeiro de 2011

TIRINHAS QUENTINHAS


Andrício de Souza (André Cintra de Souza) é o cara por trás do blog repleto de “tirinhas quentinhas, tirinhas caseiras”, definidas assim por ele mesmo.

Usando como moldura belos papéis A4 rasgados simetricamente, Andrício solta o traço como quem rabisca apressado, direto de um barzinho, enquanto reflete sentando no vaso sanitário ou em um momento de ausência do chefe chato.



Justamente pela peculiar simplicidade aparente do trabalho é que surge a empatia imediata e a vontade de ler tirinha por tirinha.

Politicamente incorreto e às vezes nonsense é que se faz o humor dos diálogos e desenhos, estes que transitam do sublime ao tosco e dão vida aos olhares cômicos que vão de Paulo Cesar Peréio a Fernanda Young, além de Rita Lee, Dilma Roussef, Dado Dolabella...

É isso! Visite o blog, prestigie o trabalho e garanta boas risadas: