Vez ou outra eu me supero. Agora, quase bati meu recorde (aliás, qual é mesmo?). Sexta-feira à noite, voltando pra casa, já sabia: "vou ficar doente", eu disse. Dito e feito, desde então permaneci em casa, doente. Sexta, sábado, domingo, segunda, terça, quarta, quinta, sexta. E só então na sexta eu me senti capaz de comprar pães fora de casa, mas não fui, claro. A garganta me matou esses dias, trouxe a febre junto. O mais chato é ter de ficar escutando sua rouca voz se esforçando pra sair.
Em condições normais eu já pareço um zumbi, rastejando como dá pela casa, procurando cérebros de gelatina, verificando se esqueci parte do meu em algum lugar. Na semana que passou, além de zumbi, fui mais vampiro também. Luz do sol! Não! Não!!! Eu quase a não vi. Pelo menos assim retardo o envelhecimento. Reparei também que, no meio do tratamento à base de mel, ninguém me ofereceu alho. Ainda bem! Odeio. Mas meus dias de sopro até que não foram embalados pelos vampiros do cinema, da música, ou da literatura. Só ontem, quando eu já tinha saído do caixão, é que curti um cineminha vampiresco: Fome de Viver (The Hunger), estrelando David Bowie, Catherine Deneuve, Susan Sarandon, direito de 1983.
Casalzinho charmoso do filme
É um bom filme, misterioso, sexy, com um clima poético sobre o tema vampiro e vida após a morte. Segue um rumo diferente dos demais, deixando de lado a carnificina habitual, as mocinhas fugindo dos vilões em ruas desertas, as estacas de madeira e, até mesmo, as presas afiadas dos sugadores de sangue. Ontem eu não era um dos melhores espectadores, mas assisti até o final, entre uns cochilos e outros. Adoro a cena inicial ao som do Bauhaus
Resgatei também uma lembrança que tinha sobre uma banda. Lembro-me de ter visto um vídeo clipe deles em algum programa de TV, me interessei, mas as informações na internet eram escassas.
Xeretanto pelo YouTube, no que, eu não me lembro, um vídeo relacionado apareceu, e o nome era familiar: Tom Bloch. Baixei o disco. Eu ainda estou amaciando o ouvido, mas sei que gosto, e já tenho músicas preferidas. Nessa Casa e O Amor. Também no mesmo disco homônimo, há uma versão de Fala, hit dos Secos & Molhados. A canção é indiscutivelmente linda, e o Tom Bloch conseguiu algo diferente com sua interpretação, um tom fantasmagórico, sinistro, mas ainda seguindo a original.
Assistam o clipe de O Amor:
Agora só me resta torcer para que a febre fique longe de mim por muito, muito tempo.