sábado, 28 de fevereiro de 2009

Kinder Ovo...


E as leis de reprodução:





Frígida


Oi, oi meu amor. Você demorou muito hoje, não foi? Está com calor? Choveu a tarde inteira, mas eu estou sentindo calor. Olha, minha camisa está ensopada. O ventilador está quebrado, fica fazendo um barulho estranho e a hélice pára de girar. Espero que não se importe com o calor, baby. Você lida bem com o calor. Nunca te vi suar, nunquinha, nem uma gotinha escorrendo por essa testa linda. Você lida bem com as temperaturas, as altas, as baixas. Anda nuazinha no frio. Eu acho tão bonito. Sinto orgulho. Você só fica quente quando a gente quer, não é? Você ferve, mas não sua nada, já disse.

Ai, ai, querida! Lembra-se desta música? Quando a gente se conheceu ela tocava. Recordo-me bem daquela tarde, segunda-feira, eu comendo um sorvete. Não estava nada bom. Nada estava bom. O sorvete tinha um gosto estranho, as pessoas me olhavam torto e eu tinha sido assaltado. Só havia dinheiro para o sorvete porque escondia, por precaução, alguns trocados dentro da meia. Uma gota daquele maldito sorvete sujou a minha camisa, minha camisa branquinha. Tentei limpar com um guardanapo, mas só espalhou a sujeira. Era tão visível. Quando eu levantei o rosto, a primeira coisa que vi foi você. Estava olhando pra mim, descaradamente, com um sorriso que ia de uma ponta a outra do rosto. Nunca garota nenhuma tinha olhado assim para mim. Era penetrante, sabe? Eu tentava desviar, não era capaz de olhar para alguém tão bonita assim como você. Mas me vinha uma vontade, uma vontade imensa de olhar mais uma vez nos teus olhos antes de pagar aquela porcaria de sorvete. E quando eu olhava, ah! aquele sorvete tinha o melhor gosto do mundo. Quando eu olhava, ah! seus olhos estavam lá, como pedras preciosas ainda não descobertas por ninguém. Ah! quando eu olhava... eu parecia um gatinho trêmulo.

Levantei-me para pagar o sorvete, me apoiei na mesa, trêmulo, trêmulo, um pintinho trêmulo. Paguei. Meus últimos trocados, minha última chance de continuar olhando para você. Fui-me, ou melhor, estava indo, e você olhando, olhando. Era agora ou nunca. Eu sabia, sabia que você era meu amor, amor de toda a vida. Não ia perder aquela chance, por mais fraco que eu fosse. Você não me abandonou, com aquele olhar cintilante, estático, seus olhos só em mim. Guiou-me com os olhos que não se mexiam. Eu fui, segui sua direção, meu coração. Encostei meu coração na vidraça. Era a última coisa que nos separava, e eu queria sentir aquela última coisa, para depois dizer adeus. Segurei-te pelo braço e foi quando eu soube que tudo aquilo era real. Não pude conter meus dedos fracos, meu suor escapando pelas fracas mãos. Amor, você não disse uma palavra sequer, porque bastava olhar, e isso você faz bem. Diz muito com os olhos.

Desculpe-me, haha, pelo meu romantismo barato. Sei que às vezes você não gosta, não fala nada, fica aí, caladona, carrancuda. Mas eu sou assim, amor, lembro de cada instante teu, todos os dias que estou do teu lado.

Sua mão está descascando? Espera, me deixa ver de perto. Sim, está sim. Amor, você tem vitiligo? Haha. Brincadeira! Amanhã compro uma lata de tinta.


quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

domingo, 22 de fevereiro de 2009

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Parece, né?



Está é uma daquelas bugigangas made in China. Toda vez que a vejo, lembro de Divine. Ainda bem que é mais comportada e não come cocô de cachorro.


A própria.


domingo, 15 de fevereiro de 2009

Muito especial





Documento Especial: Televisão Verdade. Este era o lema do programa exibido pela saudosa Rede Manchete, de 1989 a 1991, no SBT, de 1992 a 1995, e na Rede Bandeirantes, de 1997 a 1998. De todas essas fases, a melhor, incontestavelmente, foi a transmitida pela Rede Manchete. Os programas desse período viraram verdadeiros clássicos, mais ou menos ao estilo "mundo cão". Originalmente, eu não acompanhei nenhuma dessas fases, mas hoje, graças ao Canal Brasil, que exibe o Documento Especial às quintas, meia-noite, é possível conhecer os programas mais clássicos que marcaram época. A duração era de meia-hora e, em uma determinada fase, apenas uma matéria ia ao ar. Em outro momento, os três blocos do programa eram divididos com matérias distintas.

Os programas costumavam abordar temas, digamos, discriminados, que ficavam à margem do jornalismo padrão e que, exatamente por isso, chamavam ainda mais atenção e garantiam a audiência. Gangues urbanas, o cinema pornô nacional ou a questão da troca de sexo, eram alguns dos assuntos abordados no programa, sempre com um enfoque direto e participação incisiva nos mundos que pretendia investigar. Alguns dos programas tidos como mais clássicos são: Os pobres vão à praia, Muito feminina, Luta livre, O suicídio dos índios Kaiowá, Amor, Vida de gordo e Igreja Universal.

Abertura do programa em 1989, na Manchete:





Na série de programas produzidas, o que não faltava era gente freak para compartilhar seus relatos mais estranhos ainda. No último programa citado, por exemplo, a câmera se infiltra num culto evangélico, onde o pastor pede fervorosamente o dinheiro da multidão que, num quase transe, não hesita em retirar do bolso qualquer trocado que ali esteja e despejar tudo em cima de uma bíblia. Vemos uma sucessão de pessoas que, supostamente, incorporaram espíritos malignos, entre elas, uma criança, e depois de umas sacudidelas do pastor, sendo eufemístico, voltam ao normal. Há também, nesse mesmo programa, a história do gago agredido por pastores evangélicos, o cômico encontro entre representantes da religião evangélica e pais de santos, já com suas devidas entidades incorporadas, os "ex-homossexuais", que se dizem "curados" pela igreja evangélica, e assim vai.

Sobre a credibilidade do programa e a veracidade de tudo o que era transmitido ao telespectador, é difícil afirmar o que poderia ser forjado ou não. A verdade é que o Documento Especial foi pioneiro no Brasil em conseguir levar o jornalismo a um degrau mais baixo, e digo isso não de modo pejorativo, mas sim reconhecendo seus méritos, de ser um jornalismo sem pudores, que explicitava verdades não ditas, que fazia o trabalho sujo e colocava a mão na massa, e como!

É sempre interessante esse resgate da TV brasileira, mais ainda é poder conhecer os tipos, os casos, as situações que causavam polêmica no Brasil há 20 anos, e que, às vezes, ainda causam.

Para quem não tem Canal Brasil, uma dica é o youtube. Vários programas na íntegra estão disponíveis lá:

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Se você é jovem ainda...




Estas enquetes são criadas por usuários do site Cifras. Até aí, nenhuma novidade, sempre passam despercebidas por mim, mas essa me chamou atenção.

Devia ter uma terceira opção para os que ficam em dúvida.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Astronauta


Quem tem essa?



Não sou tão velho a ponto de ter ganhado essa edição na época de seu lançamento, que foi em 1986 ou antes, pelo símbolo do Cruzeiro estampado na capa. Eu nasci em 1988.

Velha, desgastada pelo tempo e, aparentemente sem nenhum valor, ela significa muito para mim. Foi um presente da minha avó quando eu era só mais uma ingênua criança neste mundo cruel, haha.

Lembro que, quando visitava o sítio onde meus avós moravam, adorava revirar as gavetas da casa inteira e descobrir coisas deixadas por outras pessoas que passaram por lá. Desde criança, sempre fui saudosista e tinha uma fascinação pelo que me ligava ao passado e às histórias das quais eu não pertencia.


sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Uma gracinha!



O homem da foto foi preso tentando contrabandear pombos que estavam escondidos nas suas calças. Eu, sinceramente, achei uma gracinha os bichinhos escondidos, envolvidos em folhas de jornal, lendo as notícias do dia e com as cabecinhas do lado de fora.

Nunca imaginei que pombos valessem tanto assim para se chegar a esse ponto. Talvez esses dois transmitam algum tipo de doença rara e sejam por isso admirados por colecionadores.

Enfim, acho que é melhor nunca pôr pombos nas calças.

Notícia completa:

http://noticias.br.msn.com/bem-bizarro.aspx?cp-documentid=17321163


Arte barata...


Toy Art é algo legal, não? Que tal pagar R$ 265,00 num Labbit Blue?

Eu prefiro almoçar, por isso fiz minha própria toy art:

O nome dele é Greto. Não defeca, não reclama, está sempre atônito e de boca aberta com o que eu faço, e também aceita tudo que lhe enfiam goela abaixo. Quem dera que fosse um bichinho virtual, mas não é. Fica aqui, do meu lado, fazendo companhia. Ele cativou meus sentimentos, mas aceito ofertas acima de R$ 300,00. Pensem bem, é um exemplar único.


quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Triste mesmo!

Legal! Eu chego ao ponto de procurar "sad songs" e o que me vem é isso:

The Best of Sad Songs:



Enfim, o nome desse árabe aí da capa deve ser Sad. Vai saber, né? Fiz uma busca rápida e tem até clipe no youtube:





terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

CDhead


Do inferno também, é o cenobita cabeça de CD em Hellraiser III - Inferno na Terra.








O infeliz baixou MP3s da internet e morreu com um CD original de Amy Winehouse enfiado na testa.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Gagagaga...




Estava com o diabo no couro mesmo. Vez ou outra ele fala, h-h-h-hell! Observem.



domingo, 1 de fevereiro de 2009

O céu de Iguatu




Moro em Iguatu, cidade no interior do Ceará. Não gosto, nunca vou gostar. Não sei quando saio daqui. Moro num nada, e me iludo com o tudo, com o tudo que eu idealizo pra mim. Talvez eu me foda ao sair daqui, talvez tudo o que eu penso que seja o melhor pra mim, seja o oposto. Mas a verdade é que, nesta localização geográfica, dificilmente eu serei feliz e realizado. É o que a gente busca a vida inteira, e muitas vezes não encontra.

É certo que, o local no qual vivemos e as possibilidades que ele nos oferece influenciam diretamente no nosso estado de humor, no rumo que damos à vida. Mas, às vezes eu penso morar em outro lugar, porque eu não vejo as igrejas, nem as praças, nem a cara das pessoas, nem as mercearias. Passo a maior parte no microcosmo que criei pra mim, menos vazio do que o que me rodeia.

A cada ano conheço menos pessoas daquelas que têm uma maior importância na minha vida, as que não se resumem a "olás" ou "seu troco". A cada ano conheço mais filmes, mais músicas e mais livros. A maioria destas coisas é mais importante para mim do que muitas das pessoas que conheço. Não sei se isso é um fato lamentável.

Alguém audacioso veio aqui rodar um filme. Mas quem? Quem seria capaz de escolher como paisagem para uma história cinematográfica uma terra árida, muito mais de idéias e de diversidade? Seu nome: Karim Aïnouz. Responsável pela direção e também pelo roteiro de O Céu de Suely, ele mostrou profissionalismo e sensibilidade ao trabalhar esse longa-metragem totalmente rodado com locações em Iguatu. Lembro-me da época que ia ao colégio e quase tropeçava nos muitos cabos que cortavam as ruas. No começo, eu não tinha noção do que se realizaria, só sabia se tratar de um longa com o nome de Rifa-me. Confesso que, devido ao meu ceticismo, desacreditei que dali sairia grande coisa. Errei no título do filme, errei em descreditá-lo. Assisti o trailer e minhas expectativas aumentaram.


Hermila Guedes é Hermila, a protagonista, uma garota pobre que sai de São Paulo e volta à sua cidade natal, Iguatu. Traz consigo seu filho pequeno e espera a vinda do pai da criança, o que acaba não acontecendo. Querendo voltar a qualquer custo para a grande metrópole, Hermila tem a idéia de rifar seu corpo para conseguir dinheiro (daí o boato que o filme se chamaria Rifa-me). Hermila, sem exageros, é simplesmente brilhante no papel. Tenho certeza de que sem ela o filme não atingiria o nível que atingiu.

Apesar da curta participação, muito me agrada também João Miguel, que interpreta João, um mototaxista apaixonado pela moça. O restante do elenco também é competente e cumpre sua função de criar uma atmosfera verossímil, o que, pelo menos em relação ao sotaque nordestino, não é problema, já que a maioria é da terrinha.

Por displicência mesmo, só ano passado assisti o filme, quando este foi lançado em 2006. Coloquei o DVD e conferi aquela película mostrando a cidade de um jeito que eu nunca pude ver, mesmo com toda imaginação. Foi mágico para mim reconhecer alguns dos lugares eternizados sem comedimento, com uma lente sincera refletindo a decadência de tudo, sem maquiagem alguma sobre o que se vê. O Céu de Suely não escapou da tradição do cinema brasileiro de explorar o nordeste e a pobreza como cenário, porém, fez isso de um modo adequado e não gratuito. Tanto que, em parte, esquecemos da miséria dos personagens e só focamos seus sentimentos, sonhos e inquietações, comuns em qualquer ser humano. Outro ponto forte é o realismo que nos é passado. Hermila em algumas cenas interage com pessoas completamente anônimas, sem a mínima preparação para a atuação, muitas que talvez nem saibam o que ali se passava. O filme é assim, o retrato fiel dos personagens, sem açúcar, sem pudor, de uma poesia intensa, condizente a seus planejamentos como uma obra artística deve ser.





Ainda em relação ao filme e a cidade, uma carta maravilhosa escrita por Felipe Bragança numa das padarias da cidade, publicada na revista de cinema Contracampo:

Carta de Iguatu