domingo, 12 de dezembro de 2010

10 CLIPES BONITOS QUE EU CONSEGUI LEMBRAR


Listinhas são sempre divertidas de se fazer, a não ser que seja a de compras no supermercado. Todo mundo tem a mania de dar pitaco, bradar sua opinião e fazer uma lista com ares de especialista. Por isso mesmo, elas não têm nenhuma credibilidade. Só servem como forma de entreter ou guiar alguém meio perdido, mas acreditem, a que compartilho agora com vocês tem fundamento, e este é garantido pela minha memória. Sim! Abaixo, os dez clipes mais legais esteticamente que eu consegui lembrar (obviamente a qualidade musical também conta, mas, neste caso, o foco principal é a qualidade visual).

Justice – DVNO



O duo francês de música eletrônica Justice poderia aparecer aqui também com “Dance” e suas T-shirts cheias de animação, mas o escolhido foi “DVNO” e as logomarcas famosas brotando na tela lindamente polidas, emprestando suas formas para a letra da música.

Peter Gabriel – Sledgehammer



Peter Gabriel explorou a animação em stop motion de forma insana e criou um trabalho verdadeiramente inovador. Mesmo que você não goste da música, vai querer ver este videoclipe mais uma vez.

Björk – All is full of love



Björk já apareceu em outras listas por aqui. É aquele tipo de mulher que você pode levar pra casa e dizer “pinte minhas paredes, rasgue minhas roupas, raspe meu cabelo. Tudo em nome da arte”. Neste belo videoclipe dirigido por Chris Cunningham – responsável por vários outros trabalhos de sucesso –, Björk aparece em forma de andróide, enquanto transmite a ideia de que o amor não tem forma e pode existir em todos os lugares.

The Strokes – Hard to explain



Em 2001 o Strokes lança “Is This It”, seu primeiro álbum de estúdio. A banda que se tornaria sensação do rock alternativo, traz no vídeo de “Hard to Explain” um frenesi de imagens correspondentes ao período de transição que o mundo vivia. Fim definitivo da década de 90, novo milênio e a pergunta “quem somos nós?”.

Sia – Buttons



Sia nem chega perto de ser uma belezoca feito Björk, porém, em “Buttons”, apresenta uma música divertida e um clipe mais ainda, afinal, só pela situação claustrofóbica de enfiar a cabeça – parte do corpo onde o cérebro se faz presente – numa camisinha, já vale a pena.

The Flaming Lips – I can be a frog



O clipe de edição e recursos mais simples aqui listado. Apenas um plano, uma garota selvagem que pode ser todos os animais que quiser e rascunhos animados sobrepostos. Não é por ser singelo que deixa de ser uma belezura gostosa de se assistir.

Portishead – Only you



Chris Cunninghan aparece aqui com mais um trabalho interessante. Em “Only You”, temos toda a densidade e obscuridade do som do Portishead traduzida. É um videoclipe pouco iluminado que usa o efeito visual de corpos submersos em compasso com o trip-hop produzido pela banda.

Klaxons – Twin Flames



Pessoas coladas umas nas outras é sempre interessante. De brinde, temos ainda uns peitinhos. Definindo resumidamente este clipe do Klaxons, seria uma suruba surreal.

New Order – Bizarre Love Triangle



Primeiro que esta música é clássico absoluto, mas, seria este clipe a inspiração para Hard to Explain, do Strokes?

Aqui, imagens das mais diversas, intercaladas, brotando com o beat acelerado da música. É a linguagem do videoclipe em sua essência.

OK Go – End Love




Eis uma banda surgida da internet, representante direta da geração You Tube e que, certamente, tem a maior parte de sua audiência conquistada mais pelos videoclipes caprichados do que pela sua qualidade musical. Foi assim com “Here It Goes Again”, já um clássico moderno da web, mas escolho “End Love” para figurar na lista, pois o tenho como o mais interessante visualmente de seus videoclipes.





De bônus, “9999-Gold”, clássico da música popular russa...


sábado, 11 de dezembro de 2010

QUEIMANDO A ROSCA



A sensação que se tem é a de que já inventaram tudo no mundo e que coisas aparentemente novas são apenas aperfeiçoamentos ou variações de coisas antigas. Vejam só a engenhosidade deste separador de nádegas para os interessados em tostar sob o sol por completo, sem esquecer nenhum buraco.

domingo, 14 de novembro de 2010

Ô, GARÇOM, ME VÊ UM LETUCE, POR FAVOR


Letuce é uma banda de alma carioca surgida do encontro entre Letícia Novaes e Lucas Vasconcellos. Em 2009 eles lançaram o seu primeiro álbum, “Plano de Fuga Pra Cima dos Outros e de Mim”, pelo selo Bolacha Discos. Não há outra palavra para definir este trabalho que não seja sinceridade, nascida de uma despretensão, de uma naturalidade quase vegetal – apesar de ser recomendado tanto para vegetarianos quanto para carnívoros –, quase alface, quase plantinha das bonitas que a gente cuida achando que vai salvar o mundo.



E aí, o casal inspirado, como não poderia deixar de ser, compõe sobre amor. Não o amor Romeu e Julieta, nem o amor das novelas mexicanas, mas o amor que ri de si mesmo porque sabe que se ama. Numa jornada entre a remela no canto do olho, a barba por fazer, o cabelo desgrenhado, a mão suada, uma flor de plástico e um poema infantil escrito num guardanapo, Letuce invade o universo substancial do romance e exala intimidade pintada a afagos e autodescoberta.



Todas as faixas são amálgamas indecifráveis, mas nessa fuga do “Plano de Fuga...”, algumas pedem abrigo no bom humor, como “Dia de Carnaval”, outras, no cisco que entra no olho, como “Horizontalizar” ou “Binóculos”. Essa versatilidade – ou será indefinição? – faz o disco soar bem em todas as situações.

Não tenho namorada. Ando procurando minha alma gêmea no Chat Line, mas, definitivamente, é um som recomendadíssimo para os casais não-equídeos. Eficiente também se faz para você que quer descansar os ouvidos do black metal. Dias de viagem, ativos, meditativos ou cheios de fotografias também pedem Letuce. Seu caso é não fazer nada? Pode escutar. Ponham para tocar nos shopping centers, assim os transeuntes comprarão mais papelão, cola e tesoura sem ponta. É a inspiração. “Love is in the air...”



E se aqui despejo elogios, não é por que o disco tem duas ou cinco faixas que se destacam em relação às outras. Na verdade, o trabalho traz consigo uma característica interessante, as canções são niveladas, o que não pode ser tomado por algo tedioso, pelo contrário. É uma tarefa difícil escolher entre as 12 faixas – dois covers – as melhores ou preferidas. O disco vale ser escutado de cabo a rabo, e se você fosse cachorro, o rabo balançaria até o final. É uma meiguice quase sacana. É uma sacanagem quase meiga. Tudo funciona tão bem porque as músicas complementam-se, intercalam-se, muito pela identidade já bem delineada da banda que conta com arranjos flexíveis, ótimas sacadas, pitadas eletrônicas e voz linda, forte e serena de Letícia.



Como ilustra a capa, o disco é meio aquático, meio onírico, meio plasma do Geléia dos Caça-fantasmas, meio marola daquelas que você não quer que acabe nunca de bater. Não é para gente medrosa, afinal, é um disco perigoso, daqueles que você escuta sem compromisso e se vê sequestrado, num cativeiro poético, ok, mas tendo de ligar para todos os amigos para indicar o som e chorar um resgate.



Letuce anda tocando por aí. Uma das recentes apresentações da banda foi no festival SWU. É bonito ver algo verdadeiro e intimista ter espaço e poder falar para mais gente o que bate como identificação imediata. Gratidão é algo que sempre acontece comigo quando uma obra, em qualquer plataforma e época que seja, me faz bem e me inspira. O mínimo que posso fazer é contar o que não se pode conter. Desejo vida longa, mais discos e amor para animar. Go, Letuce, Go! Mas passem pelo Ceará...



Para experimentar:

http://www.myspace.com/letuceletuce

Para comprar:

http://www.bolachadiscos.com.br/portal/

EP com covers mais uma MP3 inédita:

http://www.4shared.com/file/RjRzUUTM/LETUCE_-_EP_COUVES.html

Classificação: 4,5 de 5 Andys



sábado, 9 de outubro de 2010

TUTTUKI BAKO


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Certo, joguinho eletrônico de realidade aumentada criado por japoneses. Como a foto acima demonstra, você enfia o dedo e interage com o objeto virtual. Agora, pensem bem, sempre haverá alguém pra enfiar alguma outra coisa aí, né?

domingo, 26 de setembro de 2010

SEM CENSURA


Gil Vicente é o artista plástico responsável pela série de obras denominada “Inimigos”. Nela, personalidades políticas e religiosas ficam sob a mira de uma arma empunhada pelo próprio artista, num autorretrato.

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Talvez muita gente não teria ouvido falar desses desenhos de carvão sobre papel, não fosse o “mimimi” que a nossa querida OAB bradou ao pedir para que os trabalhos fossem retirados da Bienal de Arte de São Paulo.

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É paradoxal ver a Ordem dos Advogados do Brasil, que, teoricamente teria o dever de proteger artistas em caso de censura, pretender aplicar esta. Vivemos num período onde muita gente confunde ditadura com dentadura.

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Concordando ou não com os trabalho de Gil Vicente, eles continuam sendo arte, porque são libertadores para certos pensamentos, suscitam outros e conseguem ser controversos ao ponto de deixar muito puritano de cabelo em pé, mas nunca farão um ser humano normal matar outro, então, o argumento de apologia à violência não se justifica.

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Para conhecer mais do trabalho de Gil Vicente e visualizar suas obras em tamanho maior, acesse: http://www.gilvicente.com.br/

terça-feira, 21 de setembro de 2010

ENVELHECER NA INTERNET


Quando pensamos sobre envelhecer, quando desenterramos da memória alguns acontecimentos passados, quase sempre reina a sensação de nostalgia. É um apego ao pretérito capaz de fazer parecer que, o que vivemos antes é, de alguma forma, superior ao que vivemos agora. Na verdade, não é bem assim. Essa imagem idealizada do passado, possivelmente só existe porque ele, agora é inalcançável e distante de nós.

Eu mesmo, confesso, sou bem saudosista, e sempre ando vasculhando um filme, uma música ou uma revista antiga – até de épocas em que eu não vivi – só para sentir essa sensação de uma quase dimensão paralela.

Quando relembramos o passado, se fazem presentes alguns lugares-comuns, pensamentos peculiares de determinada geração, regados com relevante grau de afeto. É a fita VHS, o cartucho de videogame, o velho LP, o clipe do Michael Jackson estreando no Fantástico, Professor Tibúrcio traumatizando todo mundo. Mas, em meio a todas essas referências, dificilmente surge algo relacionado a computadores, à internet e às primeiras ferramentas da informática disponíveis para nós. Isso se deve pela entrada relativamente recente dessa vida virtual em nossa vida real, porém, as constantes mudanças e a rapidez com que esse mundo de bites, megabytes e terabytes se transforma, já dá lugar a certa nostalgia.

Eu, somente acessei a grande rede mundial de computadores em 2000. O até então mórbido PC, sem vida alguma, ganhava, feito mágica, uma conexão com o mundo, mesmo que fosse através da internet com pulso, aquela que a cada minuto cobrava mais dinheiro – exceto nas madrugadas e fins de semana.

E a internet do novo milênio não era bem tão nova assim. Digamos que seria muito mais um resquício do que acontecia na web nos anos 90. Gifs para fazer a alegria e deprimir ao mesmo tempo explodindo nos quatro cantos da tela, páginas terrivelmente mal formatadas e trechos curtíssimos de sons e vídeos como os recursos multimídia mais fresquinhos da época.

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Interação maior eram os bate-papos e, por incrível que pareça, eu, como principiante, não sabia onde achá-los. Clientes de chat estavam longe do meu alcance. Lembro que, na época, ouvia sempre falar do ICQ, e era mesmo sinônimo de internet, mas, entre 2000 e 2001 o programa já perdia suas forças. O engraçado é que eu adicionava o ICQ number das pessoas, porém, nunca achava ninguém online. Mal sabia eu que, todos já haviam zarpado desse barco.

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Para sorte minha, naquelas revistas guias de internet, havia o endereço de um chat. Acho que a preferência por escolhê-lo foi o fato de ele ser voltado para a comunidade japonesa no Brasil. É, acho que naquela época ainda restava em mim a vontade de ter um filho com traços nipônicos. Mandar uma mensagem para uma japinha e ser respondido, mesmo com atraso, já foi felicidade demais. Foi interação demais. Tudo deve ter começado com um clássico “quer tc?”. Mas aí a vagabunda da Liberdade me deixou esperando por terríveis dez minutos, com a conta telefônica já chegando às alturas e eu arrancando os cabelos. Tá, tudo bem. Desisti do meu amor nipônico, até mesmo porque, pelo papo, ela devia ser casada, mãe de dois filhos e vender pastéis e yakisoba para se sustentar. E esse é um problema meu, de ser cosmopolita no amor, porque já teve a polonesa, a finlandesa e a japonesa, isso tudo com o inglês macarrônico e a ajuda do tradutor do Google, capaz de tornar qualquer frase sua muito mais romântica. Como dizem, o amor só é perfeito quando platônico.

E, durante essa época de internet com banda estreitíssima, todo mundo era meio zumbi na sala de aula, porque, depois das 00:00hs, a noite era uma criança, e, dependendo da resistência de cada um, se estendia praticamente até o horário de ir à aula pela manhã. Depois era aquela coisa dos rostos todos literalmente afundados nos livros.

A internet foi sendo um espaço de descoberta, tanto para o bem, como para o mal. Horas e horas jogando MMORPGs; pastas abrigando a coleção de imagens pornográficas; o choque com a miséria e a crueza humana de forma mais intensa que a oferecida pelos shockumentaries em VHS esquecidos nas locadoras. Aquela terra quase sem limites onde o freio mais efetivo é o bom senso do usuário.

O primeiro cliente de chat com o qual eu tive contato foi o IRC ou mIRC, como era mais popularmente chamado. Diferentemente da maioria dos mensageiros e programas usados para bate-papo de hoje em dia, o IRC voltava-se para a coletividade, porque o grande atrativo e a principal forma de se conhecer alguém e iniciar uma conversa particular, era acessar os canais, geralmente temáticos, lotados de usuários. Por exemplo, havia canais com nomes de cidade, outros usados como forma de compartilhar arquivos e até os de temas adultos. Qualquer usuário poderia criar e registrar seu próprio canal.

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Aí o Orkut explodiu em 2004, e era aquela coisa restrita. Só podia ingressar na rede quem fosse convidado por algum usuário já registrado. Obviamente, eu não sabia como o Orkut funcionava, mas tinha uma vaga ideia. Consegui um convite e, no ano do seu lançamento, eu já estava registrado. O frustrante era não ter mais nenhum outro amigo também registrado para adicionar. Aos poucos, a rede social tornou-se cada vez mais popular e, o que fora criado com o intuito de abrigar usuários de todas as partes do mundo, hoje, praticamente em sua quase totalidade, só tem brasileiros como usuários ativos.

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E, em dois momentos, me veio a reflexão necessária para escrever este texto. Primeiro, quando eu imaginei o volume monstruoso de perfis e perfis criados no Orkut e, consequentemente, o número de pessoas que simplesmente deixam de usar o serviço ou morrem, por exemplo. A família geralmente não tem a senha, e as fotos e outras muitas particularidades do indivíduo ficam lá, registradas, enquanto os servidores estiverem ativos, quase como em uma lápide virtual. Não é à toa que, existe na rede uma mórbida comunidade batizada de PGM (profiles de gente morta).

Segundo, procurei registrar alguns endereços de blogs simples mas interessantes, o problema é que quase todos possuem registro e, o pior, há muito tempo não são mais usados, com pouquíssimo conteúdo publicado. Exemplos não faltam: www.amor.blogspot.com , duas postagens no total e não recebe atualizações desde 2007; www.paranoia.blogspot.com, uma postagem e não é atualizado desde 2001; www.palavras.blogspot.com, uma única postagem datada de 2002; www.sonho.blogspot.com; www.caminhar.blogspot.com; www.infefavel.blogspot.com, e outros e outros e outros. Aí me corrói o pensamento sobre o que essas pessoas andam fazendo, como elas são e se algumas já estão a sete palmos da terra ou não. Talvez pelo fato de eu ficar intrigado com alguém que, numa época onde os blogs eram sensação, cria um para dizer nada e ir embora. São poucas palavras que falam demais, porque elas esperneiam clamando um complemento, uma continuidade, e eu só posso imaginar.

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O Orkut diz: registrado desde 2004, você guarda alguns e-mails como cartas mofadas, percebe que aquele site defeituoso que um dia você tentou construir no FrontPage ainda tem alguns arquivos hospedados e a internet de outrora lhe traz memórias quase afetivas de coisas já totalmente ultrapassadas. É então que você se dá conta de que anda envelhecendo com a internet. Essa rotina que vivemos, voltados para uma tela luminescente, registrando-nos em novos serviços, esquecendo a senha de acesso e aprisionando uma breve descrição de nós mesmos para todo o sempre, é de uma estranheza que só pode ser percebida quando nos colocamos no papel de observador de nossos atos e não apenas de mais um internauta perdido na rede e limitado aos velhos espaços de sempre.


domingo, 5 de setembro de 2010

ESTAMIRA RECICLANDO IDEIAS


Há muito, muito tempo, eu precisava escrever um texto sobre o documentário “Estamira”. Precisava, porque o filme realmente mexeu comigo. Considero a produção um novo clássico. A gente às vezes fica sem tempo, tem preguiça ou simplesmente deixa para depois, mas, nada disso importa, porque um dos grandes méritos de “Estamira” como clássico é abraçar a atemporalidade. Quem assistiu, pode rever e aprender mais, quem não assistiu, deve.

A princípio, Marcos Prado filmaria apenas sobre o lixão de Gramacho, no Rio de Janeiro, mas ele então conheceu dona Estamira, doente mental crônica, de 60 anos de idade (na época das filmagens), que por lá vivia e que de lá tirava sua subsistência, se é que pode se chamar assim.

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Lembro-me que, quando assisti pela primeira vez, eu não sabia ao certo sobre do que tratava o filme. Depois de imagens contrastantes entre o céu límpido e o chão tomado por todo tipo de lixo, Estamira começa a falar para a câmera. Achei que fosse uma coadjuvante, alguma moradora da localidade que compartilha seu breve depoimento de vida e vai embora. Ledo engano! Estamira, que dá nome ao filme, como não podia ser de outra maneira, é a estrela que irradia a obra do início ao fim, diferenciando profundamente esse documentário de tantos do gênero que, sob a égide da denúncia, focam sempre suas lentes para a crua realidade brasileira, sem passar de mais do mesmo, numa tentativa débil de consternar e assim obter algum sucesso.

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O documentário chama a atenção porque faz o que a maioria das pessoas nunca faria. Primeiro, invade o lixão, que é, definitivamente um mundo à parte. Depois, dá voz a alguém que, provavelmente, nunca foi escutado em sua vida. E, neste ponto, o que mais tocou-me não foi a abordagem sobre a pobreza, a miséria, as disparidades sociais e mais aquilo que todos andam cansados de ouvir falar. O gancho que se fixa em seu peito e o aproxima cada vez mais daquele cenário é o fato de percebermos a quantidade de razão nas palavras de Estamira. A impressão que se tem é de que, em algum lugar, no subsolo ou escondido em alguma barraca, há um professor particular de filosofia que dá aulas àquela senhora.

Entre falas revoltosas contra Deus e o mundo, Dona Estamira diz o que muitos já pensaram falar mas não tiveram coragem o suficiente. O selo eternamente lacrado de outras bocas se rompe na sua. São os “trocadilos”, o controle remoto e os inversos que se manifestam.

Tanto lixo sob os pés pode transformar qualquer ser humano definido como mentalmente estável e normal em alguém esquizofrênico. Porém, há também uma relação interessante que aquele espaço proporciona. Parte do que Estamira come vem do lixo, suas roupas, sua pele, seu cabelos, também são depósitos de lixo. Vai-se acumulando de um jeito irremovível. E é ali, sobre todo tipo de sujeira, que sua loucura, insustentável na moradia corpórea, pode ser extravasada de forma plena, talvez por isso, Estamira continue, na sua maior parte do tempo lá, mesmo depois de ter ganhado uma casa do diretor do filme, Marcos Prado.

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É como um quadro que consegue ser belo e feio ao mesmo tempo. Características indissociáveis de um mundo com suas próprias leis. Por fim, o espectador ri, comove-se, revolta-se e dirige o olhar para si mesmo depois de escutar um discurso bruto e necessário, sem que a loucura pessoal de cada um seja capaz de lapidá-lo e varrê-lo para debaixo do tapete. Os mais sensíveis conseguem enxergar uma pérola.

Nota máxima! Cinco Andys para essa obra-prima:

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sábado, 10 de julho de 2010

Natasha


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Natasha Khan é a responsável pelo projeto musical Bat for Lashes. Conheço algumas músicas. É algo interessante. Vez ou outra me lembra Bjork.

Só não preciso saber de muita coisa para confirmar a beleza simples e encantadora de Natasha.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

DOSSIÊ DO MAU GOSTO


Ah, o mau gosto! Mau gosto que nunca esteve tão em alta como nos dias de hoje, em que qualquer um, por mais rude e grosseiro que seja, pode expressar sua opinião e ter a audiência de alguns bobos ociosos.

É certo que coisas impostas nunca são boas. É certo que definir, esmiuçar, rotular e querer enfiar goela abaixo o caminho do que é considerado bom gosto ou, ao contrário, do que é tido como mau gosto, não é nada saudável.

O que me irrita não são as pessoas terem suas próprias opiniões, serem diferentes de mim ou discordarem do que eu penso. O que me irrita, de verdade, é essa predileção pelo conjunto unanimemente ruim. Todos nós temos defeitos e coisas pelas quais podemos nos envergonhar ou sentir orgulho, dependendo do ponto de vista. O que me irrita é o conjunto unanimemente ruim... unanimemente ruim.

Isso é chavão, é lugar-comum, mas a preguiça de pensar, a relutância em se aprofundar em algo que verdadeiramente valha a pena, são os motivos pelos quais, pessoas adoradoras do mau gosto tornam-se tão desinteressantes.

Nem sempre o que categoriza-se como entretenimento vai nos fazer sorrir ou felizes por algum momento. Nem sempre ler um livro, assistir um filme ou escutar uma música vai fazer nosso tempo correr de forma prazerosa. Nem sempre o que parece ter alguma identificação conosco nos trará respostas. Nem sempre é positivo tentar achar a nossa verdade ou nossas particularidades em uma obra artística. Às vezes, ou até na maioria das oportunidades, o melhor é surpreender-se, é conhecer o novo e ter a oportunidade de abraçar um outro ponto de vista; alojar mais um inquilino sem despejar o antigo. Coexistir. Descobrir é viver e é também um exercício tão fundamental quanto respirar.

Não adianta bancar o de politicamente correto o tempo inteiro e achar que seu dever na vida é agradar a todos. Não adianta enaltecer o ser humano a ponto de encobrir seus defeitos e considerá-lo um poço de complexidade sem fim. Não adianta achar que todo mundo merece ser conhecido melhor e que, para isso, você deve despender seu precioso tempo e sua capacidade analítica! Não! Definitivamente, não! Grande parte das pessoas, senão todas, a quem falta o mínimo de sensibilidade e senso crítico, são previsíveis, seguem uma linha comum que dói enxergar.

Foi pensando assim que decidi escrever o dossiê do mau gosto, combinando os traços e comportamentos que mais fazem alguém refutar o mínimo de conhecimento útil e reflexão sobre a vida e sobre si mesmo.

Não quero classificar, rotular e limitar ninguém, mas também não posso fugir disso. Talvez ao final deste texto eu acabe parecendo preconceituoso ou prepotente, mas as pessoas das quais eu falo são exatamente isso também quando consideram a sua verdade absoluta e têm todo o resto como perda de tempo. A diversidade, tão celebrada por muitos, ao meu ver, não passa de hipocrisia de uma massa alienada, nada fiel às suas convicções e personalidade, que sempre adota como melhor o que foi feito na semana passada.

Cinema

Cinema para os zumbis devoradores de mau gosto, nunca foi e nem nunca será a sétima arte. Cinema continuará sendo entendido como o espaço físico reservado à exibição de filmes. Nada mais do que isso. Ouso dizer as produções, ou pelo menos a linha de produção que vira top pra gente assim. Até há algum tempo, o filme da vida das menininhas era “Diário de Uma Paixão”; dos menininhos era “Velozes e Furiosos”. Hoje em dia, certamente, o que anda mais cogitado entre os acéfalos é a franquia “Crepúsculo”. Nem sei se continuará assim até eu terminar este texto.

É difícil falar sobre isso, porque existem as fases e os tipos de adoradores da escória maquiada.

Por exemplo, o maricas que pula dos musicais da Disney na fase pupa para, na fase borboleta, qualquer saga teen, que pareça sombria, desafiadora e inteligente, mas no final de contas é só um conto de fadas açucarado.

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O tiozinho, uma das raças mais fáceis de se identificar e mais estúpidas também – refiro-me àquele tipo repugnante, porque existem também tiozinhos engraçados e camaradas – consome basicamente dois gêneros de filme: o pornô, porque ele é comedor e não resiste a uma sacanagem, e os filmes de ação, muita bala e capotamento de carros, porque ele, mais uma vez é fodão, comedor e não está de brincadeira.

Para as menininhas cute-cute, não-me-toque, que defendem o amor da pior maneira possível, não existe outra coisa que não uma bela comédia romântica, daquelas costuradas por piadinhas chinfrins, drama xexelento no meio da trama e um final tão previsível que faz de qualquer um clarividente. Demorei mais aprendi que, essas menininhas-flor, que não podem escutar e nem falar palavrão, são as primeiras que se metem no gang bang da esquina quando se vira as costas.

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É blockbuster? Tá no cinema? Tem pôster bonitinho? Anda muito comentado por aí? Pra gente assim, deve ser bom, porque a opinião da massa preenche o vazio do indivíduo incapaz de pensar por si mesmo, e é assim que se sobrevive.

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Em último grau, há ainda aqueles que não dispensam uma dublagem faceira. Mas é óbvio. Se não leem nem os livros, o que dirá dos filmes, não é mesmo?

É esse mesmo tipo de gente que despreza completamente as películas antigas e acha tarefa impraticável assistir qualquer produção monocromática.

Filme brasileiro? No máximo um “Tropa de Elite”, talvez porque reúna os elementos ação, a não necessidade de legendas e a síndrome Datena de ser.

Música

Música, a linguagem universal capaz de unir povos e emocionar pessoas mesmo sem que se saiba o significado de sua letra. Música que também pode soar como as clarinetas do inferno em dia de festa. Entregue às mãos erradas, música é a imposição do mau gosto. Seja sincero, você já observou um carro, com aqueles estridentes aparelhos de som ligados a todo o volume tocar uma música boa? Se sim, diria que você é alguém sortudo.

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O gênero musical predominante para cada um de nós está profundamente arraigado ao modo que vivemos, que somos, à nossa personalidade. Talvez por isso que, detenho-me tanto às escolhas musicais de cada um, mas também não dá pra colocar uma venda, se passar por asno e ser totalmente radical e inflexível, achando que a vida é um grande last.fm, onde o grau de compatibilidade musical de cada um é sempre comparado e aí sim se tem ou não um motivo para se fazer um novo amigo. Acho que o que deve haver é uma linha de coerência, não de previsibilidade, mas de coerência ao que se escuta. Diria até de fidelidade. Música boa é música boa, e não importa se é rock, jazz, blues, samba, bossa nova, eletrônica, forró. Posso não gostar de determinado gênero musical, de determinada banda ou interprete, mas quando sei que a música é bem produzida, tem conteúdo e originalidade, eu reconheço isso. Não gosto de forró, mas é indiscutível que Luiz Gonzaga foi um grande interprete e que sua obra é um rico fruto da cultura popular. Não gosto de samba, mas a sua qualidade como gênero musical, representante do povo brasileiro, não pode ser negada. O que não pode ser admitido é que o ato de inovar seja confundido com o de desfigurar, já que é isso que acontece muitas vezes, quando, usando o exemplo daqui do Ceará, uma dessas horríveis bandas tem a cara de pau de afirmar que a excrecência produzida por elas é forró. Ora, vejamos bem. Quando se fala em forró, qual o primeiro instrumento que vem à sua cabeça? Um acordeom, ou sanfona, como chamam por aqui. Ao contrário disso, o “forró” que faz sucesso com o povo é aquele produzido por uma banda com, no mínimo, dez integrantes, duas guitarras, cabelo grande alisado tanto para as mulheres quanto para os homens, calça de couro, roupa preta e o abocanhamento de sucessos estrangeiros que tocavam nos anos 80 nas rodoviárias de todo o país e ninguém se lembra mais, quando não são versões, com tradução horrível, das músicas internacionais da trilha sonora das novelas da globo, ou canções de duplo sentido tão erotizadas que eu tenho a sensação de quase adquirir uma DST quando o vizinho liga o rádio e põe pra tocar.

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Aí eu me pergunto, como isso pode ser considerado forró? É a mesma coisa que Restart, Cine ou NX Zero serem consideradas bandas de rock, e olha que essas ainda usam guitarras, pelo menos no quesito cenografia.

Pessoas, representantes genuínas do mau gosto, escutam tanta coisa ruim por dois fatores: primeiro, pelo caminho anteriormente trilhado pelo grupo do qual ela faz parte; segundo, pela preguiça e acomodação de apreciar algo que não chegue aos seus ouvidos prontamente acabado e suscite algum tipo de reflexão posterior. Tudo que é mastigado, vomitado ou previamente digerido, é também prontamente aceito, mas no final das contas, o resultado é uma grande indigestão.

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Por que essas bandas que se auto-intitulam “hardcore melódico” fazem tanto sucesso no Brasil? Resposta: pela repetitividade e superficialidade dos assuntos abordados voltados para os teenagers em formação que, um dia, certamente irão sentir vergonha do que outrora seus ouvidos abrigaram. O rock clássico reúne netos, pais e filhos. Agora imagine estes citados devidamente caracterizados no estilo emo, curtindo um show. Sofrível, pra não dizer surreal.

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Um gênero que há algum tempo era totalmente marginalizado e, depois de ser elitizado e virar lazer alternativo pra madame mantem sempre o seu espaço na mídia, é o funk. Alguém levantará o braço e dirá que é a voz da comunidade, o grito reprimido da favela, forma de expressão. E daí? Uma coisa é analisar algo como o sociólogo ou o antropólogo fazem, dando seu parecer holístico. Outra é ser obrigado a gostar disso. Perdoem-me, mas qual a relevância de uma mulher que usa codinome de fruta e rebola como se praticasse um ato sexual? Não sou conservador. Pelo contrário. Só penso que, se o que se quer é perversão, por que não ir direto ao ponto? A pornografia, nos seus mais intensos graus está aí pra quem quiser, a um clique, mas, até pra falar sobre sacanagem da mais suja, há de haver inteligência caso o destino não seja o abismo do mau gosto.

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Inevitavelmente, crescemos rodeados por garotas usando micro-shorts e rebolando ao som das monossilábicas letras de músicas made in Bahia. É, parece que Carla Perez fez mesmo “iscola”. E não importa onde você more ou de que classe social você seja, sempre há um vizinho demente, uma lata velha ou um canal de TV tocando música indesejada, mostrando que os quatro cantos do Brasil e toda sua continentalidade produzem disparates pra todos os gostos.

Muita gente faz questão de disfarçar o próprio mau gosto. Alguns dizem: “Ah, não vou ficar em casa feito um lunático. Não importa a música. Hoje vou sair. Estarei lá pelas pessoas”. Só esquecem que os frequentadores desses ambientes são o exato reflexo da música que lá se escuta. Quem não concebe a música do ambiente como algo pelo menos parcialmente aceitável, não se submete a isso. O que se espera de um baile funk são potrancas, cachorras, frutas e calças Gang. O que se espera de um show de black metal são roupas pretas, cabelos compridos e pseudo adoradores do coisa-ruim que morrem de medo de ver o sol do Teletubbies. O que se espera de uma festa de forró são beberrões, adoradores de espetinhos de gato, que falam “lito”, referindo-se a litro – de cachaça -, porque falar corretamente é chato e patético. Esses estereótipos são tão maldosos, mas, não discuta comigo! Eu moro no Ceará, eu sei.

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Depois de tudo isso exposto, o pior mesmo é que, há ainda aqueles que, reconhecendo o ouvido de pinico e demais excrecências que têm, bancam o de ecléticos, capazes de apartar o que é bom e o que é ruim na hora em que bem entenderem. Pra mim é clássico quando dizem: “Ah, só escuto isso quando saio de casa, com os amigos, num momento de descontração”, ou, “Eu gosto mesmo é de rock. Sou super fã do Legião Urbana. Acho Renato Russo um gênio” ou ainda, “MPB, MPB que é bom. Gosto de Tom e Chico”, isso porque rola uma intimidade, né?

No final das contas, é deprimente, porque não existe nem mesmo a dignidade de defender o que se gosta com fundamentos cabíveis. É aquele ponto da falta de fidelidade por parte do público-alvo e da falta de consistência por parte dos que produzem esse tipo inibidor de apetite musical.

Literatura

O objeto livro está diretamente ligado à imagem de alguém estudioso, introspectivo, refinado, inteligente. É assim, porque, vamos admitir, a boa leitura transforma o ser humano, reforça o senso crítico, apresenta novas visões e reflexões, oferece base para suas fundamentações. Enfim, acredito que, sem a leitura, é muito difícil, talvez impossível, ser alguém melhor. E aí a gente se pergunta se pessoas donas de mau gosto em praticamente tudo realmente leem e consomem livros. A resposta é: muitas delas.

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Muito parecida com a indústria do cinema em certos aspectos, talvez por inúmeros filmes serem adaptações de livros, o mercado editorial também tem os seus fenômenos de venda. Nem todo best seller é ruim, mas também não podemos elevar o conteúdo do livro por que ele é best seller. Isto não pode transformar-se num selo de qualidade, porque não é. Na verdade, o que muitas vezes ocorre é até mesmo o inverso. Livros extremamente vendidos geralmente tem uma história tão pífia e um modo tão superficial de abordar certos temas, proporcionando assim que a grande massa seja atingida facilmente, sem obstáculos. São os escritos destinados à pequena massa... encefálica. Só isso não é garantia de sucesso, não, mas, tão perigoso como os conservantes do McDonald's, são as fórmulas usadas para vender e agradar o máximo possível de gente.

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Fórmulas essas que repetem-se incansavelmente, obviamente porque dão certo. Já cansei de ver livros derivados de programas televisivos; escritos por padres, de autoajuda, baterem recordes de vendas. É esse tipo de coisa que abre precedente para que Geyse Arruda cogite escrever uma biografia. É, Bruna Surfistinha também fez “iscola”.

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Como se ter o livro por si só depositado numa prateleira ou numa estante fosse grande coisa. As mães se orgulham: “Meu filho de 15 anos adora ler”, pena que, na maioria dos casos, todos os livros que se encontram no quarto do indivíduo sejam do bruxinho Harry Potter ou dos vampiros sugadores de suco de framboesa da saga Crepúsculo.

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Enquanto milhares de bons escritores disputam um lugar ao sol escrevendo com suas almas, de forma espontânea histórias sensíveis, inovadoras e livres para ultrapassar limites, quem sustenta o mercado editoral são os livros camuflados, vestidos com uma bela capa, hypados pela grande mídia, mas tão vazios de conteúdo que dão a sensação de serem mais leves do que os outros.

Dou atenção especial aos livros de auto-ajuda que constituem um gênero e esbarram em todos os clichês possíveis. A fórmula de tanto sucesso parte dos próprios leitores que, desesperados, iludem-se achando que um livro é capaz de aplicar grandes transformações em sua vida. É mais ou menos o que acontece com o feio, desempregado e pobre que não resiste às placas de neon da Igreja Universal. “Só preciso de uma orientação. Depois é comigo, eu posso me autoajudar.” Pronto, vão-se 30,00 reais do bolso com papel mais útil se viesse ao mundo como higiênico.

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Livros de autoajuda repetem o que todo mundo já anda cansado de saber: é melhor ser alegre que ser triste; tire férias e esqueça o trabalho; procure ser menos estressado; confie em si mesmo; faça o que você gosta; seja otimista. É tudo muito genérico e o problema mesmo é colocar isso em prática. Quem na vida não quer ser feliz? Só que a felicidade é um conjunto de fatores tão complexos e tão subjetivos que não dá pra ser compreendida de maneira tão resumida. Quem não quer tirar férias eternas no Havaí e bronzear-se numa rede enquanto duas dançarinas de hula-hula te refrescam abanando pra lá e pra cá? O problema é que isso é um tanto quanto impraticável, para trabalhadores assalariados que sustentam suas famílias e passam quatro horas do seu dia num trânsito caótico. Então, acho que os principais males de livros de autoajuda são a falta de autocrítica que eles propiciam a quem os lê e essa total falta de nexo com a realidade. Minha teoria é que, esse tipo de livro, só ajuda a quem os escreve.

Para mim, esses são alguns dos principais pontos caracterizadores do mau gosto a nível geral. Poderia continuar falando sobre gírias, cantadas, sapatos de camurça, correntes maloqueiras no pescoço e tantas outras manifestações de desconcerto pessoal, mas acho que já é o suficiente.

Lembrem-se, nada é absoluto. Tudo é relativo e pode ser discutido, contanto que haja fundamentos para tal (ei, isso é absoluto?).

quinta-feira, 3 de junho de 2010

domingo, 30 de maio de 2010

Macumbapop


Quando assisti pela primeira a um vídeo da Marli no Youtube, eu fiquei intrigado, me perguntando por alguns instantes de que dimensão aquilo tinha vindo. Um fundo musical digno dos videogames da era 8-bits, mais uma gravação tosca, mais uma atmosfera de macumba psicótica e, é claro, a nossa personagem principal, Marli, intérprete disso tudo.

Ociosidade, boas influências - ou péssimas influências, dependendo do ponto vista – e uma ideia na cabeça são as explicações cabíveis para a criação desse personagem divertidíssimo e sinistro para alguns, é verdade.

Com letras desconexas e obscuras, efeitos de música eletrônica obsoleta e uma câmera gravando tudo ao melhor estilo Bruxa de Blair, a sensação que se instala nos desavisados é um misto de riso e pavor.

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Em meio a tanto plágio, repetição e vídeos de comédia stand up que não fazem rir nem o mais débil dos débeis, a história de Marli, ex-emprega doméstica baiana que, dirigida pelo filho de seus patrões na época, atua e canta em vídeos tão escrachados que chegam no limite do que se pode ser considerado trash e vira hit na internet, é formidável. Se macumba transformou-se em algo chiquê, tendência na alta sociedade, os vídeos e as músicas da rainha das trevas brasileira levam isso até às últimas consequências.

A personagem não tem sua história resumida apenas aos vídeos enviados para o canal no Youtube, mas também conta com uma série de discos virtuais disponíveis para download que dão mais veracidade à sua carreira fictícia.

Veja abaixo alguns dos videoclipes de Marli e descubra o que é magia negra, literalmente:





Laurie Lipton


Só posso descrever o trabalho da norte-americana Laurie Lipton como poderoso e incrível. Não importa para qual direção se olhe, o desenho sempre parece mirar em você de novo. Com imagens fortes, carregadas e corroboradas por um preto e branco eterno, Laurie transmite através de sua obra uma crueza surreal que se aproxima cada vez mais da realidade.





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Conheça mais sobre a artista em seu site oficial: http://www.laurielipton.com/