sábado, 2 de maio de 2009

Canções suspeitas


As cantigas de roda ou, simplesmente, algumas canções populares que caíam na boca das criancinhas, acabaram virando o trauma de muitas. E isso não se deve a eventos associados à época ou ao momento que essas "graciosas" canções invadiam os ouvidos dos pequenos. Não! A música em si já trazia algo de sinistro. Sabe, notinhas inocentes que dão voltas e se repetem à exaustão. Era na melodia que nós ficávamos atentos, mas as letras é que demonstram o tom mais pavoroso da coisa. A maioria sempre acaba em tragédia.

Duas que particularmente não me deixam nem um pouco feliz são "A Velha a Fiar" e "A Dona Aranha".





Curta produzido em 1964 que dá vida à canção.

"Estava a velha em seu lugar
Veio a mosca lhe fazer mal
A mosca na velha, a velha a fiar"

Pronto, e por aí se repete, sempre algo a fazer mal a outro algo, haha. Aposto que essa mosca queria mesmo era depositar seu berne.

"A dona aranha
Subiu pela parede
Veio a chuva forte
E a derrubou"

Já começa mal a dona aranha.

"Atirei o pau no gato-tô-tô
Mas o gato-tô-tô
Não morreu-rreu-rreu"

Esta é uma das mais conhecidas. Se você atira um pau no gato e ainda diz que ele não morreu, é porque teve a intenção de matá-lo. Se ele não morreu, passou perto. Certamente, o infeliz do animal continua a estribuchar no seu castigo eterno cada vez que cantam essa música.

"Boi, Boi, Boi
Boi da cara preta
Pega esse menino que tem medo de careta!"

Quer dizer, o garoto tem medo de careta e ainda mandam um boi da cara preta levá-lo pro além.

"Cai, cai balão
Cai, cai balão
Aqui na minha mão
Não cai, não
Não cai, não
Não cai, não
Cai na rua do sabão"

O governo não para de alertar com seus informes publicitários o quanto é perigoso sair soltando balões por aí. Nesta, o sujeito pretende no mínimo sofrer queimaduras de 3º grau ao ordenar que o balão caia na mão dele. Depois, volta atrás e muda a rota do balão, agora quer que caia na rua doa sabão, ou seja, praticamente um novo desastre daquele que aconteceu em Diadema, onde uma indústria de produtos químicos de limpeza foi aos ares.

"O anel que tu me destes,
Era vidro e se quebrou

O amor que tu me tinhas
Era pouco e se acabou"

Ciranda, cirandinha! Ah, eu cantava bastante esta. Se o amor era pouco e já até se acabou, será que esse anel de vidro foi dado com uma má intenção? Certamente. Neste caso, vão-se os anéis e levam junto os dedos também.

"O cravo brigou com a rosa,
Debaixo de uma sacada,
O cravo saiu ferido,
E a rosa despedaçada"

Esta já preparava as crianças pra violência doméstica que futuramente elas poderiam presenciar.

"Samba Lelê está doente
Está com a cabeça quebrada
Samba Lelê precisava
De umas dezoito lambadas"

Não basta estar doente, com a cabeça quebrada. Ainda é preciso dezoito lambadas, ou pancada, batida, golpe.

Enfim, exemplos não faltam.

Assim como as bonecas têm espaço garantido nos filmes de terror, bem que as cantigas de roda, canções populares adotadas como músicas infantis, mereciam mais espaço nas películas do tipo. Se lembram do "Um, dois, Freddy vem te pegar...?", pois é, um tiro certeiro para o clima sombrio.




E, tão popular na internet, o vídeo de sapateado de Goddess Bunny, um travesti vítima da poliomielite, musicado com "La Pequeña Araña".





4 comentários:

Ira Lemos disse...

Igres...
eu estou com muito³³³ medo!
Juro!
o 2 video me deixou com muito medo de verdade! principalmente pq tem um palhaço na cabeça dela 0.0

Igres Leandro disse...

Na verdade, é na cabeça "dele", haha. Não precisa ter medo. Eu até curto o sapateado.

janine disse...

não der pra ver os vídeos ainda :/

mas esse post é genial, já tinha pensado sbre isso em uma ou duas músicas, mas nunca tinha reparado na soutras tantas. nunca vou cantar isso pros meus filhos euhuihe

ah! e lembrei de uma comunidade lendo isso, também: http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=3200642

:D

Igres Leandro disse...

Obrigado, Nine!

Nunca cante isso pros teus filhos, haha.

Aderi à causa: salvem o sambalelê!