Documento Especial: Televisão Verdade. Este era o lema do programa exibido pela saudosa Rede Manchete, de 1989 a 1991, no SBT, de 1992 a 1995, e na Rede Bandeirantes, de 1997 a 1998. De todas essas fases, a melhor, incontestavelmente, foi a transmitida pela Rede Manchete. Os programas desse período viraram verdadeiros clássicos, mais ou menos ao estilo "mundo cão". Originalmente, eu não acompanhei nenhuma dessas fases, mas hoje, graças ao Canal Brasil, que exibe o Documento Especial às quintas, meia-noite, é possível conhecer os programas mais clássicos que marcaram época. A duração era de meia-hora e, em uma determinada fase, apenas uma matéria ia ao ar. Em outro momento, os três blocos do programa eram divididos com matérias distintas.
Os programas costumavam abordar temas, digamos, discriminados, que ficavam à margem do jornalismo padrão e que, exatamente por isso, chamavam ainda mais atenção e garantiam a audiência. Gangues urbanas, o cinema pornô nacional ou a questão da troca de sexo, eram alguns dos assuntos abordados no programa, sempre com um enfoque direto e participação incisiva nos mundos que pretendia investigar. Alguns dos programas tidos como mais clássicos são: Os pobres vão à praia, Muito feminina, Luta livre, O suicídio dos índios Kaiowá, Amor, Vida de gordo e Igreja Universal.
Abertura do programa em 1989, na Manchete:
Na série de programas produzidas, o que não faltava era gente freak para compartilhar seus relatos mais estranhos ainda. No último programa citado, por exemplo, a câmera se infiltra num culto evangélico, onde o pastor pede fervorosamente o dinheiro da multidão que, num quase transe, não hesita em retirar do bolso qualquer trocado que ali esteja e despejar tudo em cima de uma bíblia. Vemos uma sucessão de pessoas que, supostamente, incorporaram espíritos malignos, entre elas, uma criança, e depois de umas sacudidelas do pastor, sendo eufemístico, voltam ao normal. Há também, nesse mesmo programa, a história do gago agredido por pastores evangélicos, o cômico encontro entre representantes da religião evangélica e pais de santos, já com suas devidas entidades incorporadas, os "ex-homossexuais", que se dizem "curados" pela igreja evangélica, e assim vai.
Sobre a credibilidade do programa e a veracidade de tudo o que era transmitido ao telespectador, é difícil afirmar o que poderia ser forjado ou não. A verdade é que o Documento Especial foi pioneiro no Brasil em conseguir levar o jornalismo a um degrau mais baixo, e digo isso não de modo pejorativo, mas sim reconhecendo seus méritos, de ser um jornalismo sem pudores, que explicitava verdades não ditas, que fazia o trabalho sujo e colocava a mão na massa, e como!
É sempre interessante esse resgate da TV brasileira, mais ainda é poder conhecer os tipos, os casos, as situações que causavam polêmica no Brasil há 20 anos, e que, às vezes, ainda causam.
Para quem não tem Canal Brasil, uma dica é o youtube. Vários programas na íntegra estão disponíveis lá:
2 comentários:
Pra mim, bem piralho, estes programas equivaliam a pornografia da grossa!!!
A TV Manchete era excelente pra isso! :))
Haha. Miguel, já ouvi muita gente comentar como eles eram proibidões pra época.
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