domingo, 2 de maio de 2010

The Brown Bunny e o boquete


The Brown Bunny é um filme de 2003, lançado oficialmente no Brasil em 2005 e assistido por mim em 2010, hahaha. Quanta relevância! Porém, mais relevantes ainda são os motivos que me fizeram assisti-lo: Chloë Sevigny (Daisy) e o famigerado boquete prestado ao seu companheiro Vicent Gallo (Bud).

É verdade que, durante a 1h e 30 min de exibição, o sexo oral explícito é a parte mais movimentada do longa morno e paradíssimo. Definitivamente não é um bom filme mas também não é ruim, tendo talvez nessa monotonia aparente os seus maiores méritos.

Grosseiramente poderíamos resumir o filme em um personagem chamado Bud, piloto de motocicletas, que passa boa parte do tempo vagando de um lugar para outro em seu furgão preto, tropeçando em algumas mulheres de procedência duvidosa, mas sempre buscando o seu verdadeiro amor, Daisy, a moça da qual não se tem mais notícias que nutre uma predileção por coelhos marrons, bichinhos que não costumam viver por muito tempo, mesmo com uma dieta alimentar especial.

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E seguindo num tom que me relaxou a ponto de quase me embalar pra dormir, The Brown Bunny vai andando, ou melhor correndo, acelerando, pelas estradas dos Estados Unidos, sem um destino. Muitas vezes as minhas impressões sobre as coisas divergem quase que totalmente das de outras pessoas. Ter sono enquanto se assiste a um filme no meio da tarde logo traduz-se em assistir um mau filme, o que comigo é o contrário. Filmes ruins me deixam agitado, puto da vida, louco para tirar o disco do reprodutor e jogá-lo pela janela. Fazer justiça!

Esse sono que vai nascendo e consumindo a alma, embriagando as pálpebras e confundindo os sentidos, é a vontade de estar dentro do filme, de ser mais do que espectador, de ser pelo menos objeto – um telefone na escrivaninha, uma jarra de suco sobre a mesa.

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Voltando ao longa, a câmera quase sempre dentro do carro, apontada ora para as estradas fantasmas, intermináveis e angustiantes, ora para a expressão facial sofrida de Bud, denota um vazio nauseante. Mais do que enjoar no vai e vem frenético das estradas, a sensação aqui é de enjoar na necessidade de busca de algo conhecido e ao mesmo tempo incerto, incorpóreo.

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O protagonista tem um olhar vidrado, desconcertado e, perdoem-me se isso se faz presente, mas não lembro de ter visto Bud esboçando um sorriso. A construção de um personagem apático e melancólico é bem executada.

O filme bem que poderia ser perturbador, claustrofóbico, intimidador, mas não tem ritmo pra isso. Falta frenesi. Como já citado anteriormente, acaba sendo até relaxante, mesmo com um roteiro e imagens que não transmitem otimismo.

Atenção - o trecho a seguir contém spoilers:

Restando 15 minutos para o término do filme, eis que Daisy surge num quarto de hotel e encontra Bud, o lobo solitário – é um nome bem canino mesmo -, que a aguarda sentado na cama. O aspecto frágil e doentio de Daisy refletem o seu vícios em drogas. Depois de algumas palavras, declarações de amor e recusas, Bud coloca a ferramenta para fora e faz Daisy trabalhar, num ato, digamos, um pouco agressivo, exercendo dominação e ao mesmo tempo arrependimento.

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A reposta definitiva para a busca incessante de Bud por Daisy, era a de que ela não mais existia. Não mais neste mundo. Há algum tempo o casal se divertia numa festa. Daisy se empolgou, bebeu demais e acabou sendo estuprada por um grupo de homens. Quando Bud entrou no quarto e viu a cena, não teve reação, ficou atônito. Daisy morreu e levou consigo o bebê de Bud que carregava no ventre. Estes fantasmas do passado confundem-se com uma consciência literalmente fodida, já que Bud na verdade fez um boquete em si mesmo.

O fim não é nem um pouco impactante, mas pelo menos esclarece e responde as perguntas que passam a habitar a cabeça do espectador durante mais de uma hora de esmo.

E agora, inaugurando o processo classificatório, uma escala de Andys Frenchs de 1 a 5. Já ficam avisados: quanto mais Andys felizes, melhor a obra, quanto mais Andys revoltados, pior a qualidade.

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2 comentários:

Anônimo disse...

Tem boquete explícito mermo? Se tiver, eu vejo. HAHAHAHA

Com rola e porra e bolas e chupa e tudo?

Igres Leandro disse...

É uma cena rápida, mas é explícita. Mostra tudo sim.